Cultura sobre quatro rodas
Em parceria com a Libre, o Projeto Ônibus-Biblioteca leva literatura e
atividades de estímulo cultural aos quatro cantos mais periféricos de São Paulo
atividades de estímulo cultural aos quatro cantos mais periféricos de São Paulo
São sete roteiros semanais com destino às regiões mais distantes do centro paulistano, bairros cujo investimento em cultura e educação estão muito próximos do zero. De segunda a domingo, um projeto da Secretaria Municipal da Cultura do Estado de São Paulo , em parceria com a Liga Brasileira de Editoras (Libre), leva ônibus com cerca de três mil títulos de obras da literatura universal, revistas, jornais e quadrinhos para locais como Grajaú, Jardim Iguatemi, Vila São José, Vila Penteado, Parque São Rafael, Jardim Miriam e Cidade Tiradentes. A idéia dessa iniciativa, batizada de Ônibus-Biblioteca, é levar mais conhecimento às comunidades pelas quais atravessa.
De cada biblioteca móvel a população pode tomar títulos emprestados ou fazer a leitura no próprio local. Caso o usuário não encontre o material que procura, basta ele fazer um pedido. Depois de uma semana, provavelmente o livro estará em suas mãos: o acervo reserva do projeto conta com 165 500 obras no total. Cada autor que compõe o estoque passa por um processo de seleção rigoroso. "A intenção é, no médio prazo, incorporar ao acervo existente, livros das editoras pertencentes a Libre, cujo enredo tenham afinidade com os interesses das comunidades em que atuam", explica a presidente da Liga, Renata Farhat Borges.
Em funcionamento desde outubro deste ano, o projeto também conta com uma programação que estimula ações de socialização e convívio sadio da comunidade, com a participação de contadores de estórias, apresentação de peças teatrais, rodas de poesias e palestras realizadas por oficineiros da rede colaborativa da Libre. As atividades são destinadas a todas as faixas etárias, com foco nas crianças e nos adolescentes.
Com um público já fiel nas regiões em que opera, o Ônibus-Biblioteca planeja incluir mais 21 roteiros, pelos quais passará a atender Brasilândia, Cidade Ademar, Jardim Ângela, Parelheiros, São Miguel Paulista, São Mateus, Rio Pequeno entre outros bairros da periferia da cidade. "Tenho orgulho de integrar um projeto completamente comprometido com a democratização do saber. Todos os elementos chave do Ônibus-Biblioteca, desde as obras disponibilizadas até os oficineiros participantes, estão alinhados com essa proposta", complementa Renata. Cada vez mais o projeto difunde informação e cultura pelo extenso território da cidade de São Paulo.
No Capão Redondo pudemos acompanhar a oficina de Caetano, com seus imãs de geladeira que continuam fazendo sucesso entre a molecada. Em 1h30 de permanência no local, percebemos o atendimento a cerca de 30 crianças, e o movimento continuou ainda quando partimos dali.
O roteiro é muito visitado por crianças e adolescentes. Um número surpreendente e grande de retirada de livros infantis. Os bibliotecários Virgínia e Vicente não pararam um segundo sequer no atendimento, que devemos ressaltar, é exemplar. Virgínia especificamente é muito atenciosa com as crianças, e os motiva continuamente na retirada de mais livros e na participação de oficinas.
Foi emocionante ver de perto a criançada e jovens em busca de livros, livros e livros, e muitos demonstrando preocupação se ôibus estaria ali na quinta-feira pós-Carnaval. "Se vocês não vierem o que eu vou ler?" - foi uma frase recorrente na tentativa de persuadir a bibliotecária Virgínia a permitir que levassem mais de 5 livros cada um.
Presenciamos enfim, aqueles relatos costumeiros da generosidade da população que tenta, a seu modo, retribuir a presença dos profissionais do ônibus na comunidade. Uma moradora que via o sufoco dos bibliotecários e oficineiros suando embaixo do toldo do ônibus, foi até a sua casa e preparou uma jarra de suco gelada que matou a sede de todos nós e acalentou uma certa esperança de vida em comunidade possível e solidária.
Ficamos menos tempo no roteiro da Vila Andrade, onde pudemos conversar mais longamente com as bibliotecárias presentes e avaliar um pouco a performance de certos oficineiros e ecos que chegam até nós de descontentamento. As oficineiras Cristina Carnelos-Nova Alexandria; Marta Martins- Cuca Fresca; Vanessa Alexandre- Alis e Cuca Fresca; Selma Maria-Peirópolis, Cacá Lopes - Claridade foram extremamente elogiados pelo empenho, motivação, criatividade em suas oficinas.
Erika Allexandra Balbino
Disponível em : http://www.libre.org.br/institucional_view.asp?ID=64
Acesso em: 16 mar. 2010.
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