quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Palestra :Do Catálogo Impresso ao Online: Alguns Desafios para os Profissionais Bibliotecários.

DO CATÁLOGO IMPRESSO AO ON-LINE: ALGUNS DESAFIOS PARA OS PROFISSIONAIS BIBLIOTECÁRIOS

AUTORA: BRISA POZZI


1 INTRODUÇÃO

Transformações marcam a trajetória da civilização e o advento das tecnologias contribui para o contexto de inovação de várias áreas investigativas, entre elas a Ciência da Informação (CI), que possui como objeto de estudo a própria informação.

Por um longo período na história, fontes de informação advinham de mitos e crenças, pois a humanidade se formou primeiramente com ajuda do discurso oral, posto que a oralidade por muito tempo foi a única forma de comunicação e de troca de informação. Perpassando por outros períodos, a sociedade tornou-se letrada, sendo o advento da escrita sua marca. Outro processo de mudança ocorre na passagem da cultura impressa para a cultura eletrônica. Nesse constante ambiente de mudanças, tem-se o propósito da CI, que “[...] é conhecer e fazer acontecer o sutil fenômeno de percepção da informação pela consciência, percepção
esta que direciona ao conhecimento do objeto percebido.” (BARRETO, 1998, p. 122)

A Ciência da Informação tem como base a produção e uso de informação que nos remete a um nível de aprofundamento científico, reflexão teórica e a prática das questões definidas como organização, representação e uso da informação. O fato é corroborado por Le Coadic (2004, p. 25), o qual descreve o objetivo da CI como “[...] o estudo das propriedades gerais da informação (natureza, gênese, efeitos) e a análise de seus processos de construção, comunicação e uso.”

Nesse contexto, a relação entre a prática e a teoria no campo da informação1 pode ser observada pelo enlace das pesquisas no âmbito da Biblioteconomia com a CI. Sendo assim, nossa intenção incide nos catálogos de bibliotecas, no que concerne a sua evolução do formato manual de fichas ao formato on-line e alguns desafios que os profissionais bibliotecários possuem diante este importante meio de armazenamento e recuperação da informação documentária2.

OS CATÁLOGOS DE BIBLIOTECAS

Os catálogos possuem dupla função de acesso à informação: conduzem os usuários a encontrar um dado documento pela descrição temática e também pela descrição física. São considerados o principal instrumento de recuperação da informação em bibliotecas e também são os responsáveis em direcionar a localização física na estante, do documento recuperado. “Então, no catálogo, o usuário pode encontrar duas importantes peças de informação: se a biblioteca possui o item desejado e, se tem, onde ele esta localizado na coleção.” (FERRAZ, 1991, p. 91)

1 Le Coadic (2004, p. 4) explica que “a informação é um conhecimento inscrito (registrado) em forma escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual, em um suporte.”
2 Ortega (2008, p.8) explica que “as informações documentárias são entendidas como aquelas apreendidas, registradas e armazenadas em sistemas de informação documentária a fim de que sejam passíveis de recuperação e uso.”

Enquanto produto do Tratamento Temático da Informação (TTI) em bibliotecas, o catálogo insere-se na vertente da corrente teórica norte-americana, denominada subject cataloguing (catalogação de assunto) (GUIMARÃES, 2009), entretanto, nosso foco no presente ensaio incide apenas sobre o produto catálogo. Na próxima seção, uma breve consideração será feita em relação à análise de assuntos no sentido de situá-la como a responsável pelo tratamento temático, para assim relacionarmos como a mesma interliga-se ao catálogo e se torna uma operação importante e desafiadora aos profissionais bibliotecários.

Foskett (1973, p. 164), arrola que “um catálogo de biblioteca destina-se a registrar o acervo da biblioteca [...].” Os autores Guinchat e Menou (1994) fornecem duas conceituações sobre os catálogos. Os descrevem como “[...] listas de todos os documentos conservados em unidades de informação” (p. 67) e explicam que “um catálogo é uma série ordenada de referências ou de inscrições que registram as peças de uma coleção” (p. 197).

Várias são as definições encontradas na literatura, todavia é visível que em sua origem, os catálogos possuíam a finalidade de inventariar o acervo de uma biblioteca, pois segundo Shera e Egan (1969, p. 11):
Numa época em que a quantidade de publicações mantinha-se tão pequena que seus conteúdos podiam ser conhecidos de todos os pesquisadores, a única exigência feita a um catálogo de biblioteca era que revelasse os itens componentes de determinada coleção.

Os catálogos surgiram para armazenar e registrar os documentos existentes em um acervo, todavia, sua função passou por uma metamorfose em decorrência do aumento de materiais impressos, inclusive no que tange a ampliação da produção de livros e a consequente necessidade de organização desse material para posterior recuperação. Por isso, ocorreu uma mudança de foco no uso dos catálogos, de simples função de depósito para uma ferramenta arrojada de uso da recuperação de informações (MARTINHO; FUJITA, 2011).

Em relação a organização de um catálogo, a forma padrão ocorre pelas fichas de catalogação, as quais poderão estar organizadas de acordo com a variedade de pontos de acesso3. Segundo Shera e Egan (1969, p. 15), os pontos de acesso permitem a localização de obras de acordo com o dispositivo bibliográfico, os quais podem ser encontrados nas seguintes formas:
1. Por autor;
2. Por título;
3. Pela forma física;
4. Pela subdivisão de período (tempo);
5. Pela subdivisão geográfica (lugar);
6. Por identificação de idioma;
7. Pelas características dos materiais e
8. Por assunto.

Além do conteúdo de entrada, a organização dos catálogos também pode variar em função do seu tipo e das necessidades da comunidade usuária que atende. De acordo com a sistematização de pontos de acesso, também é possível descrever os vários tipos de catálogos, dentre os quais citamos: catálogo de autor, de assunto (divide-se em sistemático e alfabético de assuntos), de título, cronológico, geográfico, topográfico, dicionário, entre outros (GUINCHAT; MENOU, 1994).

Em decorrência dos tipos de catálogos que a biblioteca comporta, as fichas catalográficas deverão ser confeccionadas de acordo com o elemento que serve de entrada principal do documento, com os respectivos pontos de acesso. A mesma deverá ser desdobrada quantas vezes forem necessárias, de acordo com cada entrada escolhida, sendo condizente com o tipo de catálogo que irá abarcá-la. Assim, serão formados registros4 ordenados dos documentos de um acervo, em detrimento a sua descrição física (representação descritiva ou bibliográfica), que também englobará os

3 Chama-se ponto de acesso ou entrada, o elemento escolhido para descrição de um documento, que possibilitará a sua recuperação e permitirá a organização nos catálogos.

4 Ou conforme explicado, Informações Documentárias (ORTEGA, 2008). pontos de acesso necessário para a sua recuperação, que poderá ser por autor, título, assunto, entre outros. Com isso, o catálogo forma uma lista organizada e ordenada de registros, onde é possível realizar pesquisas de documentos que passaram por um tratamento5, estando disponível “[...] a quem o consulta ter idéia do material a que se refere, sem necessidade de acesso físico a esse material.” (FERRAZ, 1991, p. 91)

Já para a forma de apresentação do suporte, os catálogos podem ser manifestados na forma manual, impressa, semi-automatizada e automatizada. Os catálogos manuais são os publicados em forma de livros; os impressos são apresentados em forma de listas; os catálogos semi-automatizados englobam a forma manual, a elétrica ou ótica e por fim, os catálogos automatizados são os registrados em suporte legíveis pelo computador. (GUINCHAT; MENOU, 1994)

De acordo com Ferraz (1991, p. 99):
Os catálogos impressos permanecem até a virada do século, quando os catálogos de fichas tornaram-se mais comum; e desde a forma de fichas, a maioria das bibliotecas deste século o utilizam para o registro de suas coleções. Gradativamente, os catálogos eletrônicos vêm substituindo os catálogos em fichas [...].

Os catálogos bibliográficos em fichas foram automatizados e são denominados de catálogos eletrônicos, em linha ou on-line6, o qual é também denominado pela literatura especializada de OPAC (Online Public Access Catalog).

A diferença básica entre os dois tipos, além do suporte, esta no processo de busca e recuperação da informação contida nos mesmos. “Os catálogos on-line oferecem várias vantagens no acesso à informação que os impressos não têm, como a rapidez na busca,

5 O Tratamento da Informação se da pela dicotomia do Tratamento de Forma (representação descritiva, física ou bibliográfica) e pelo Tratamento Temático (representação temática ou de assunto) de um documento.

6 Em referência ao catálogo automatizado adotar-se-á a nomenclatura catálogo on-line. uma maior possibilidade de padronização das informações etc.” (ARAÚJO; OLIVEIRA, 2005, p. 39)


3 DO CATÁLOGO MANUAL AO CATÁLOGO ON-LINE

A evolução do catálogo manual para o automatizado ocorreu na década de 60 em território americano, pois segundo Machado (2003, p. 49) “[...] a Library of Congress desenvolve um sistema de comunicação computadorizada de informações bibliográficas de monografias em inglês por intermédio do MARC (catalogação para leitura à máquina).”

O formato MARC - Machine Readable Cataloging - foi desenvolvido em decorrência do processamento da informação por computadores oferecer facilidades na acomodação e na codificação dos registros bibliográficos em relação ao método manual. Além disso, com o uso da máquina foi possível buscar maior eficiência, melhor capacidade de busca de dados e transferência de registros entre bibliotecas (RUBI, 2008).

Com o advento da internet e do formato Marc, muitas bibliotecas puderam transformar seus catálogos em on-line, onde é possível observar a transformação do catálogo manual para o OPAC, que por sua vez,
[...] representam um avanço em relação aos catálogos em fichas, principalmente no que diz respeito ao acesso remoto à coleção da biblioteca e à integração de vários tipos de documentos e fontes em uma única interface, economizando tempo do usuário e espaço físico da biblioteca. (RUBI, 2008, p. 65-66)

Ainda de acordo com a referida autora, os OPAC‟s constituem-se em sistemas informáticos capazes de integrar as funções bibliotecárias clássicas como consulta, empréstimo individual, empréstimo entre bibliotecas, processamento técnico e recuperação da informação. Também é possível pelos módulos do OPAC realizar pesquisas por autor, título e assunto, cumprindo as funções das tradicionais fichas catalográficas, porém com mais rapidez.

A automatização dos catálogos traz inúmeras melhorias para as bibliotecas, conforme algumas citadas acima. Além disso, considera-se que o avanço tecnológico contribui para a otimização da operação de tratamento da informação em bibliotecas. É através do tratamento da informação que o bibliotecário insere os dados no catálogo dos documentos que compõem o acervo.

O tratamento da informação compreende a análise e a descrição da forma e do conteúdo do documento. Embora operacionalmente diferente ambas as formas são dependentes uma da outra e Guinchat e Menou (1994, p. 30) as denominam de “tratamento intelectual”, pois demanda do profissional bibliotecário grande esforço mental, principalmente na abrangência do teor do documento. O formato descritivo (também conhecido como forma física ou bibliográfica) utilizado é o catalográfico, sendo a maioria em formato MARC, abrangendo a operação de tratamento de forma, em que é descrito o autor, título, edição, casa publicadora, data, paginação, etc. da obra no catálogo. Já o tratamento de conteúdo, versa sobre o assunto, ou seja, o conteúdo temático do documento sendo possível apontar o número de classificação, os assuntos e o resumo. Essa forma resultará na representação temática de documentos, a qual possibilita a busca e recuperação da informação por assuntos no catálogo.
É visível que a evolução tecnológica que ocorreu em várias áreas do conhecimento alterou o modo de armazenar, tratar e recuperar informação, atingindo inclusive as bibliotecas e os serviços prestados por ela. Uma mudança perceptível esta no fato dos catálogos, que por um grande período foram construídos para uma comunidade local, passaram a ser disponibilizados na web em formato on-line, tornando-se disposto para quem quiser acessar (FUJITA, 2009).

Outra facilidade no uso dos catálogos on-line esta no fato da ficha catalográfica ser feita apenas uma vez, gerando automaticamente diferentes entradas. Assim, as informações documentárias podem ser acessadas nos catálogos por vários pontos de acesso, podendo variar a busca de um item específico pelas inúmeras formas de abordagens do mesmo documento, sendo em relação a autoria, ao assunto, ao tipo de documento, a língua, entre  outros.

Atualmente, com o uso da internet também é possível ter acesso a uma imensa massa de documentos e outros recursos de informação e esses documentos podem ser tratados e disponibilizados em bases de dados ou catálogos de bibliotecas. Por outro lado, informações podem estar localizadas em sites de diversos conteúdos, permanecendo vulneráveis e sem respaldo de valia a sua integridade temática.

Nesse sentido, as Instituições, sejam elas universidades, escolas, empresas entre outras, devem visualizar nos catálogos de bibliotecas uma ferramenta confiável de armazenagem, busca e recuperação de informação. Pelas atividades de tratamento documentário, a comunidade usuária mediante uso do catálogo on-line pode recuperar o que necessita, a qualquer tempo e independente da localização geográfica, sendo o fato possível através da conexão com a web. Além disso, o catálogo permite intercambiar diversos recursos informacionais, como por exemplo, comutar itens bibliográficos existentes em outra biblioteca.

Diante as funcionalidades do OPAC e tomando um olhar específico com foco em catálogos de biblioteca universitária, Fujita, Rubi e Boccato (2009, p. 1-2) apontam como resultado de pesquisa que:
As bibliotecas universitárias brasileiras são sistemas de informação que produzem bases de dados cujas formas de representação documentária estão organizadas em metadados com possibilidade de acesso múltiplo. São, portanto, instrumentos plurifuncionais porque dão acesso, confirmam dados e possibilitam avaliação. Com o acesso às informações por meio dos catálogos on-line, mais conhecidos pela sigla OPAC (On-line Public Acess Catalog), os usuários podem recuperar as informações necessárias por meio de buscas cruzadas em diversos índices, como autor, título, assunto e data.

De acordo com tais constatações, os catálogos on-line tornaram-se instrumentos plurifuncionais, pelo fato das várias funções que desempenham e por serem uma ferramenta confiável de busca e recuperação da informação. Em consequência, os documentos a serem inseridos em um catálogo passam por uma triagem de regras e diretrizes definidas em Políticas de Desenvolvimento de Coleção, que são recomendações estabelecidas por bibliotecas, a fim de construir uma padronização necessária a formação de um acervo condizente com a realidade da comunidade usuária que a biblioteca atende.

Outra função instrumental do catálogo esta no fato de além de possibilitar a busca e o direcionamento ao documento recuperado, ele também possibilita a armazenagem do mesmo em formato de texto completo. Com isso, o usuário pode optar se prefere tomar por empréstimo a versão impressa do documento armazenado no acervo ou pode escolher ter o acesso a obra em texto completo no formato digital.

Exemplo claro encontra-se em catálogos de bibliotecas universitárias, as quais disponibilizam trabalhos completos de pesquisas resultantes de mestrados e doutorados. Outros documentos disponibilizados podem ser os artigos produzidos pela comunidade acadêmica da instituição.

Nesse caminhar, os catálogos se tornam ferramenta de visibilidade científica de uma instituição de ensino, sendo possível a difusão de informações a outras organizações. Com essa ferramenta, pessoas de qualquer parte do mundo podem acessar o que o capital intelectual de determinada instituição tem produzido, possibilitando dessa forma o compartilhamento de informações e experiências.

Outro item que deve ser destacado, também proveniente de resultados de pesquisa apontado por Fujita, Rubi e Boccato (2009) esta na operação do tratamento temático de documentos, onde o fulcro centra na análise de assuntos.

Como dito, não cabe focalizar neste ensaio discussões teóricas sobre tal análise, entretanto, o que queremos é chamar atenção para essa operação tão salutar, que é uma operação importante e responsável pela representação temática do documento
para sua posterior busca e recuperação. Nesse patamar, a atividade de indexação e catalogação de assunto engloba a descrição temática do documento, porém, segundo Fujita, Rubi e Boccato (2009, p. 4), baseadas em Silva e Fujita (2004), constata-se que:

[...] a própria área de pesquisa reconhece a indexação e a catalogação de assuntos como conceitualmente equivalentes na concepção de Lancaster (1993), Silva e Fujita (2004) e Milstead (1983) entre outros. A razão de existirem como dois ramos da análise de assunto advém da procedência da atividade de cada uma, pois a catalogação de assuntos está essencialmente ligada à construção de catálogos de bibliotecas e a indexação à construção de índices de bibliografias em serviços de informação bibliográficos que produzem bases de dados. Além disso, a indexação tem raízes entrelaçadas, em diferentes momentos de sua evolução teórica e metodológica, em aproximadamente cem anos de estudos desde a publicação, em 1876, da obra básica de Charles Ammi Cutter, „Rules for a dictionary catalog‟, até a idealização do sistema de indexação PRECIS por Derek Austin em 1974.

Diante tal fato, a constatação apontada pelas autoras não esta apenas no fato da equivalência terminológica, mas também no ponto crucial da análise de assunto em bibliotecas, pois o catalogador precisa compreender sua prática de catalogação como prática de indexação. O bibliotecário precisa compreender que deve atuar como um indexador ao realizar a análise de assunto e assim perceber o documento em sua essência, identificando e selecionando os conceitos que melhor representem seu conteúdo (FUJITA; RUBI; BOCCATO, 2009).

Isso se faz pela importância que os catálogos possuem em facilitar a busca e recuperação da informação. O usuário necessita de informação precisa e detalhada sobre o documento que procura e a designação de um ou dois cabeçalhos de assunto para representar o
conteúdo temático do documento não alcança todo seu espectro de abordagem temática.

Em relação a isso, Lancaster (2004, p. 20) explica que:
O processo pelo qual o conteúdo temático de itens bibliográficos é representado em bases de dados publicadas – em formato impresso ou eletrônico – é quase invariavelmente chamado de indexação de assuntos [...]. (grifo do autor)

Sendo assim, Fujita (2009, p. 31) ainda esclarece que:
[...] na catalogação do livro, o seu conteúdo é tratado no todo, e os assuntos são fornecidos em uma escala limitada (um número de classificação para arranjo nas estantes e um ou dois cabeçalhos de assunto para acesso por meio do catálogo). Já na indexação de outros materiais, a tendência é o detalhamento, em que há maior generosidade no fornecimento de termos para acesso por assunto.

A tendência dos catálogos é de atuar como bases de dados, inclusive no que concerne a disponibilização de textos completos. Por isso a importância do profissional bibliotecário compreender o documento por inteiro e ter como finalidade preencher o campo de assunto nos formatos catalográficos do catálogo (FUJITA, 2009).

Em estudo recente Fujita, Agustin Lacruz e Gómez Díaz (2011) explicam o panorama histórico da importante transformação entre a indexação e a catalogação de assunto, em decorrência das inovações tecnológicas iniciadas nas duas últimas décadas do século passado. Segundo as autoras, as capacidades de gestão e difusão dos recursos bibliográficos e a contribuição dos serviços e funções desempenhadas pelas bibliotecas como o gerenciamento, a estruturação e a representação da informação se modificaram de maneira substancial. Para descrever o contexto evolutivo, as autoras apontam seis aspectos, onde destacamos dois: a) Impacto da automatização na catalogação por assuntos; b) Efeitos do catálogo on-line na indexação.

É possível constatar por esses aspectos, a relevância e o envolvimento que as inovações tecnológicas desempenham no cotidiano de bibliotecários, inclusive no que concerne a evolução dos catálogos, foco do ensaio. Também é salutar a compreensão das mudanças ocorridas e no fato do bibliotecário, ao realizar a representação temática, atuar como um indexador, para melhor representar o assunto do documento no catálogo para futura recuperação.


4 DESAFIO AOS PROFISSIONAIS BIBLIOTECÁRIOS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Frente aos aspectos que foram tratados, observa-se que vários são os desafios que os profissionais bibliotecários devem lidar, principalmente no uso dos catálogos on-line.
Com o advento das tecnologias, os usuários compreendem as facilidades de busca via web e de acesso rápido e dinâmico a informação, no entanto ele também deve visualizar no catálogo uma ferramenta segura de acesso a informação documentária, tratada e armazenada.

Sendo o catálogo uma importante ferramenta de busca da informação, os bibliotecários devem se preocupar com a representação temática dos documentos, pois uma análise de assuntos sem parâmetros metodológicos pode acarretar empecilhos na hora da recuperação. Por isso, a ênfase nos resultados da pesquisa que aponta as bibliotecas como sistemas de informação, onde se deve observar como a indexação pode apresentar uma melhor sistematização de representação da informação, trazendo vantagens para a evolução dos atuais catálogos on-line (FUJITA, 2009).

Outra consideração que se faz importante esta no fato do desenvolvimento satisfatório de um catálogo on-line. Para isso é necessário que se dê visibilidade as informações organizadas, sendo necessário o desenvolvimento de uma política de indexação que oriente e norteie a atribuição dos assuntos aos documentos (GONÇALVES, 2008; RUBI, 2008; FUJITA, 2009).
Além desse ponto, outro se relaciona com a comunidade usuária local que agora também pode ser virtual, sendo cada vez mais exigente. Se antes, ao inserir um registro no acervo o bibliotecário se preocupava apenas com a demanda local, agora ele precisa ter uma visão mais ampla dos possíveis utilizadores dos catálogos. Desta forma, o catálogo on-line se torna a vitrine da biblioteca (RUBI, 2008).

Também se faz importante ao profissional bibliotecário manter-se atualizado em relação à área que atua, interagir com os usuários para saber suas necessidades e buscar ferramentas de apoio ao seu trabalho de organização, tratamento e disseminação da informação.
Ser bibliotecário no mundo atual não é tarefa fácil e requer do profissional atitude pró-ativa e de educação continuada. Afinal, na atualidade todas as profissões passam por desafios, descobertas e evolução. Assim como a transformação dos catálogos, nós profissionais também passamos por metamorfoses sendo imprescindível adaptação a mudanças.

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