segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Biblioteca comunitária instalada em favela inspira as músicas de um jovem



Folha de São Paulo-SP, em 13/09/2010
Anderson Aparecido Bandeira da Silva, 16, ficou conhecido no Jardim Panorama, favela da zona oeste de São Paulo, por seus raps, que tratavam da violência.
A fonte de inspiração do garoto apelidado MC Guri, no entanto, mudou há um ano, quando ele passou a frequentar a biblioteca comunitária da região onde mora.
A partir da leitura de um livro sobre a lembrança, fez uma música para três pessoas queridas que perdeu.
MC Guri é presença assídua na biblioteca comunitária. Tudo para manter fresco o novo repertório que apresenta em shows feitos em comunidades pobres da região.
Os versos de MC Guri passaram de “E olha o Panô aí de novo / botando a chapa quente” para “A favela não é a mesma / se liga no meu papo / porque se foram embora / Paulinho, Kevin e Renato” -estes últimos versos são da primeira música sob a influência dos livros, para três vizinhos que morreram.
MC Guri trocou a batida do rap pela do funk, para combinar mais com sua nova fase.
Os quadrinhos foram a porta de entrada do garoto para a literatura. Depois, vieram os livros de aventura. Hoje, ele lê até poesias.
A biblioteca, aberta no final de 2009, é do Projeto “Ler é Preciso”, do Instituto Ecofuturo, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) criada pela fabricante de papel Suzano.
A sustentabilidade do Projeto foi medida pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).
A conclusão: apesar de alguns problemas de manutenção, as bibliotecas conseguiram se manter nas comunidades e tiveram seus acervos ampliados por doações.
Guri agradece. “Com os livros, vieram vários tipos de letra à minha mente.”

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