quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Projeto de editora pretende estimular o hábito da leitura usando cordéis

Mais de 20 anos atrás, os Titãs já cantavam “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. Fazer desses versos realidade é a proposta da Cesta básica da cultura e do conhecimento, iniciativa da Ensinamento Editora para que empresários incentivem o hábito da leitura em seus funcionários. Com 20 títulos prontos para irem ao prelo e outros 20 em vias de serem lançados, a editora busca patrocínio, via renúncia fiscal, para que os exemplares sejam distribuídos gratuitamente. “A ideia é que sejam transformados em um benefício para os funcionários das empresas que apoiarem, do mesmo jeito que a cesta básica de alimentos. Queremos que os empresários vejam o livro como um alimento de primeira necessidade”, afirma Valter da Silva, diretor comercial da Ensinamento.

O projeto da cesta básica foi aprovado pelo Ministério da Cultura e está apto a receber R$ 390 mil por meio de renúncia fiscal, o que seria suficiente para imprimir 30 mil exemplares das obras que o patrocinador escolher, dentro das opções oferecidas pela editora. Em troca, pode inserir a marca da empresa na capa, contracapa ou na lombada do livro. “Como o valor da impressão é abatido do imposto da empresa, o investimento não representaria despesas extras”, explica Silva.

Entre os títulos adaptados para cordel já prontos para edição há textos de autores de todo o Brasil, além de edições adaptadas para o formato de O manifesto comunista, de Karl Marx, e do conto A cartomante, de Machado de Assis. O cardápio da Ensinamento oferece, também, biografias de Olga Benário, Che Guevara, irmã Dulce, Oswaldo Cruz e Monteiro Lobato; histórias de cunho espiritualista e cristão, uma de mote ecológico, outra sobre o mal de Alzheimer. Há quatro cordéis sobre Brasília. A seleção prima pelo ecletismo, sem compromisso com ideologias ou religiões, segundo Silva. “A população tem que conhecer de tudo. Não queremos seguir nenhuma cartilha nem favorecer qualquer governo ou segmento político. O discernimento cabe a quem lê”, diz.

Para ele, o mais importante é criar o hábito da leitura, por isso há livros dirigidos tanto a adultos quanto crianças. Os títulos são escolhidos pelo conselho editorial da Ensinamento. Para a próxima leva, estão previstos textos de poesia e adaptações de contos e romances, sempre vertidos para o cordel. Os exemplares produzidos poderão ser distribuídos pela própria patrocinadora ou pela editora — a decisão é do empresário. “Mas a ideia é que o funcionário tenha acesso aos títulos”, comenta.

LITERATURA DE CORDEL
Espécie de poesia popular impressa e divulgada em folhetos ilustrados por meio do processo de xilogravura. Elemento cultural com grande força no Nordeste brasileiro, tem este nome porque os livretos são expostos estendidos em cordas, seja em mercados populares ou nas ruas. Medem 11cm x 16cm e têm, geralmente, 8, 16 ou 24 páginas (podendo ser mais). O conteúdo é em versos de, geralmente, seis estrofes.

Viviane MarquesEspecial para o CorreioEspecial para o Correio 

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